XIX Jornada das Estrelas - 18 a 20/03/2025
Em mais de quinze anos, o evento Jornada das Estrelas, que ocorre na UFSCar Araras, tem se dedicado à observação do céu noturno com telescópios e a olho nu e à divulgação de astronomia com palestras e exposições.
Porém, na XIX Jornada das Estrelas, ocorreram duas inovações. A Jornada Diurna foi realizada nos mesmos dias da Jornada Noturna das Estrelas, permitindo que diversos recursos astronômicos pudessem ser explorados no mesmo evento.
Outra inovação foi o fato de a equipe estar preparada para diversas situações climáticas. Como é sabido, para realizar um evento astronômico com observação do céu, é necessário que o clima esteja favorável, com o céu aberto e sem chuva. Contudo, o evento é marcado com antecedência por questões logísticas, como agendamento de escolas e disposição de monitores. Apesar de a posição dos astros no céu ser completamente previsível com meses de antecedência, a previsão climática pode mudar bruscamente em pouco tempo. Por isso, foram planejados três cenários diferentes: tempo limpo, tempo com chuva e tempo nublado, com atividades de divulgação astronômica compatíveis com cada um desses cenários.
Público visitante
A XIX Jornada das Estrelas foi uma das maiores edições dos últimos tempos, não apenas devido à quantidade de atividades diferentes disponíveis, mas também pelo volume de pessoas presentes, que compareceram, principalmente, por meio da divulgação do evento pela Prefeitura Municipal de Araras e também pela CCS/UFSCar. Esta edição também contou com o acréscimo do período diurno, o que facilitou a visita de muitas escolas.
Estimamos que houve, em todos os dias da Jornada e em todos os turnos, aproximadamente 500 alunos da educação básica. Muitas escolas fizeram reserva de horário para conseguirem participar das atrações do evento, e os estudantes que compareceram eram de diversos níveis educacionais: ensino fundamental I, fundamental II, ensino médio e educação para jovens e adultos (EJA).
Além das escolas, tivemos a presença de um grande público avulso que aproveitou todas as nossas atividades. A presença de famílias foi gratificante, com casais trazendo seus filhos para aprenderem grandes fatos de astronomia, terem o prazer de apreciar planetas e aglomerados de estrelas pelos telescópios e binóculos, e também uma experiência imersiva em nosso sistema solar através dos óculos de Realidade Virtual (RV). Tivemos até mesmo uma aluna da EJA que, tendo participado do segundo dia do evento durante a noite com sua escola, retornou com seus familiares no dia seguinte, no período da tarde, para que eles presenciassem nossas atrações.
Além de famílias, contamos com a presença de diversos casais de namorados, grupos de amigos e pais de alunos de escolas que não conseguiram reservar horário e combinaram de levar seus filhos por conta própria. A comunidade da universidade também se fez presente: funcionários, docentes e discentes aproveitaram o momento de férias para apreciar o que a Jornada tem a oferecer.
De todo o público presente, somando as escolas e o público avulso, contamos com a presença de aproximadamente 1.000 pessoas. A divulgação do evento pela prefeitura de Araras foi essencial para termos tanto sucesso em passar um pouco da cultura astronômica para a população.
A lista completa de escolas visitantes, de Araras e região, pode ser consultada na aba de agendamentos do evento.
Observatório a Olho Nu
O Observatório a Olho Nu da UFSCar-CCA é uma praça que contém relógios (solar e estelar) e oito totens informativos. Estes, além de estarem posicionados de forma que o sol nasça e se ponha atrás de cada um deles, dependendo da época do ano, também contêm informações sobre as estações, astrônomos que marcaram época e os planetas do nosso sistema solar em ordem de distância do Sol.
O Observatório contém uma bússola no centro, apontando sempre para o norte magnético. Este item, em nosso espaço, representa o Sol em escala, contribuindo para a compreensão das placas de cada planeta do sistema solar, pois cada totem exibe um círculo em escala de cada planeta em relação ao Sol pintado na bússola.
Nesta edição, a dinâmica do observatório foi um pouco diferente. A atração consistia em duas programações distintas: uma na parte da tarde, na qual as informações eram passadas de forma mais resumida e com foco no relógio solar (que marca o horário das 8h às 16h) e nas posições dos totens (que marcam o nascer e o pôr do sol no solstício e no equinócio), com a ajuda de dois monitores para comandá-la. Já a outra, que aconteceu durante a parte noturna do evento, foi feita de forma mais abrangente, contando com 6 a 8 monitores para explicar todas as informações disponíveis no observatório.
Essa diferença se deu por conta do Sol: como o observatório não possui cobertura, foi decidido esse tempo reduzido para a parte da tarde, a fim de preservar os visitantes e os próprios realizadores da Jornada. Outro ponto positivo desta edição, que vale a pena ser mencionado, foi a adição de bancos para os monitores do observatório, pois estes ficavam muitas horas em pé para receber os nossos visitantes.
Simulação do Sistema Solar em Realidade Mista
Na XIX Jornada das Estrelas, ocorreu a atividade de Simulação do Sistema Solar em Realidade Mista utilizando o software SisSolXR desenvolvido por nós para uso com os óculos de Realidade Virtual (RV) que temos em nosso acervo. Foi uma atividade que não estava prevista, mas foi inserida para dar mais uma opção de divulgação astronômica especialmente para o público avulso, que esteve presente em peso. A atividade foi destinada a esse público, pois é realizada em pequenos grupos, por conta de o acervo do obseRVe contar com dez óculos RV que têm duração de bateria de duas horas.
A atividade em si foi uma simulação que já estávamos acostumados a apresentar; por isso, foi fácil implementá-la de última hora. Uma inovação foi a sua aplicação pela primeira vez fora do espaço fechado de uma sala de aula ou laboratório, em que usamos o Teatro de Arena do CCA UFSCar (área circular ampla com arquibancadas, aberta nas laterais e coberta por lona). Ela consiste no seguinte: os participantes, organizados em círculo e usando óculos de realidade virtual, visualizaram inicialmente o sistema solar no teto da sala, com planetas orbitando o Sol em escalas aproximadas de distância e velocidade. Eles foram incentivados a refletir sobre conceitos como a maior velocidade orbital dos planetas mais próximos ao Sol. Em seguida, o Sol foi colocado no centro da sala, fora de escala, e os planetas passaram a orbitá-lo, o que permitiu explorar características físicas e curiosidades de cada um, principalmente as estações do ano de forma realista. Depois, os planetas foram ajustados para escalas de tamanho relativas. Por fim, o Sol foi mostrado em sua escala real, ocupando quase todo o teto da sala, o que encerrou a experiência de uma forma muito impactante.
Passeio dos Planetas
O Passeio dos Planetas consistiu em uma exposição fixa com o Sol e os planetas do Sistema Solar em escala reduzida. O passeio teve início no Sol e terminou em Júpiter, pois este foi o último planeta que coube no espaço disponível para a construção. A ideia da atividade era imaginar como seria se as pessoas fossem gigantes passeando pelo Sistema Solar. Quantos metros teriam que andar para ir do Sol até Mercúrio? E do Sol até Júpiter? Como não era possível aumentar o corpo humano e viajar até o Sol, o Sistema Solar foi reduzido e trazido até o público.
Nessa atividade, os alunos foram divididos em dois ou três grupos menores e seguiram o passeio guiados por monitores. Cada monitor trazia informações sobre o tamanho dos planetas e a distância de cada um até o Sol, enquanto os alunos iam percebendo, na prática, as proporções e os espaçamentos do Sistema Solar. A parte mais impactante da atividade foi a longa caminhada entre Marte e Júpiter, que chamou a atenção pela grande distância entre os dois planetas.
O Passeio dos Planetas é uma exposição fixa, elaborada pelo projeto obseRVe, que fica na passarela que parte da entrada do CCA/UFSCar pela Rodovia Anhanguera (seta verde no Mapa de Localização).
Estações do Ano
As Estações do Ano foi outra atração presente nesta edição da Jornada das Estrelas. Ela consistiu na explicação de por que as estações do ano existem e como elas funcionam, por meio de uma maquete demonstrativa.
A configuração da maquete foi: uma mesa para ser usada de base, uma bola de isopor com um palito dentro, uma base com furo para se encaixar o palito de forma que a bola de isopor ficasse com a mesma inclinação da Terra e, por fim, uma lâmpada no centro da mesa com um suporte para ficar de pé, para que ela simulasse o Sol.
A atração aconteceu durante os dois períodos, tarde e noite, e contou com 2 a 3 monitores que explicavam sobre as posições do solstício e do equinócio e como esses fenômenos afetam o clima do nosso planeta. A intenção era que os visitantes movimentassem a bola de isopor (Terra) da forma como imaginavam que aconteceria na realidade. No final da dinâmica, era dada a explicação de por que as estações acontecem.
AstronoCartas
O jogo AstronoCartas, uma nova atração que estreou nesta edição da Jornada, foi criado por alguns membros do obseRVe e ficou disponível somente no primeiro dia e durante o período noturno.
O jogo consiste em três baralhos (planetas, constelações e estrelas), cujo conteúdo é dividido igualmente entre os jogadores (de 2 a 8). A ordem de jogada se dá pelas cartas de planetas, referenciando suas distâncias ao Sol, e a dinâmica funciona por meio de comparações entre as cartas, ditadas por uma moeda jogada antes de cada turno. A moeda define se o parâmetro maior ou menor ganha a disputa daquele turno.
Foram utilizados quatro kits do jogo. Os visitantes foram divididos em cinco grupos de oito pessoas, e eles utilizaram as mesas para formar círculos, para que cada grupo pudesse jogar. Um dos grupos ficou esperando que outro terminasse de jogar para poder jogar também, o que ocorreu devido à falta de kits do jogo em relação ao grande número de visitantes.
A atração foi muito bem aproveitada pelos visitantes, que deixaram feedbacks positivos. Os estudantes se divertiram bastante com o jogo, pois a dinâmica de competitividade saudável entre eles foi bem aceita, enquanto interagiam com o conteúdo de astronomia trazido pelo tema do jogo.
Maquete dos Planetas
A atividade da maquete dos planetas, também conhecida como coreografia dos planetas, consistia em uma dinâmica com os visitantes da Jornada das Estrelas para a compreensão dos movimentos e alinhamentos planetários.
A coreografia foi realizada apenas no segundo dia do evento, pois se tratava de uma atividade de backup para os eventos climáticos. Porém, tivemos um número surpreendente de visitantes, então colocamos esta dinâmica em prática para que o público geral tivesse acesso a outras atividades que não estivessem tão tumultuadas.
A monitora responsável por esta atividade pediu a algumas das pessoas presentes que segurassem esferas impressas em impressora 3D (e adesivadas com as imagens das superfícies reais dos planetas), as quais representavam os planetas do sistema solar. Em seguida, foi solicitado que essas pessoas se posicionassem conforme a ordem dos planetas em distância ao Sol, levantando-se a questão de como acontecem seus movimentos.
O objetivo dessa dinâmica é colocar em prática o funcionamento do sistema solar de uma forma mais divertida e imersiva, assim como esclarecer as notícias sensacionalistas que foram divulgadas pelas mídias sociais a respeito de um raro alinhamento planetário que teria ocorrido em fevereiro de 2025.
Telescópios
Os telescópios foram outra atração presente que teve diferenças entre os períodos: o diurno, focado no Sol, e o noturno, focado em planetas e constelações. Todos os instrumentos ópticos do nosso acervo foram utilizados neste evento.
No período diurno, além de haver somente um telescópio focado no Sol, tivemos uma palestra sobre manchas solares no laboratório de física, com o intuito de os visitantes verem e aprenderem previamente sobre as manchas, para, posteriormente, observá-las no telescópio.
Já no período noturno, a dinâmica foi mais simples, porém a disponibilidade de astros a serem observados era consideravelmente maior. Havia três telescópios, que ficaram focados em Marte, Júpiter e na constelação da “Caixinha de Joias”, e dois binóculos que alternavam entre os dois planetas observados pelos telescópios. Um ponto importante a ser mencionado foi a ausência da atração em períodos nublados ou de chuva.
Fotos do evento
Agradecimentos
Este evento foi possível devido à colaboração voluntária de dezenas de monitores estudantes do CCA/UFSCar que se dedicaram juntamente com a equipe do ObseRVe para tornar esse grande evento possível.
Este evento contou com o apoio da Prefeitura Municipal de Araras e do Centro de Ciências Agrárias da UFSCar no oferecimento de transporte para as escolas públicas de Araras.
Este evento é uma das atividades financiadas pelo CNPq por meio da Chamada CNPq/MCTI/FNDCT 39/2022 “Programa de Apoio a Museus e Centros de Ciência e Tecnologia e a Espaços Científico-Culturais” (processo 407086/2022-6) dentro da Linha 3: Divulgação Científica e Educação Museal.